O TEMPO - PARTE IV |
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O Terrorismo é
Movido Pelo Sexo
Publicado em: 29/01/2008
Quem diria que o século XXI se
iniciaria sob o signo da repressão sexual? Pois é. Depois de tantas
conquistas liberais, dos anos 60 em diante, estamos de volta ao
passado. Claro que, no dia-a-dia, os clubs e swing-houses pululam de
sacanagens, claro que a sexualidade reina na cultura de massas, nos
comportamentos, mas a história, essa dama gigantesca, vestida como
uma rainha Vitória ou como uma iraquiana de burka, a história de
hoje está movida pela repressão sexual.
Parece estranho, mas Oriente e
Ocidente têm seu arrimo ideológico na repressão sexual.
Bush, este bode preto que nos caiu em cima, foi eleito pela boca da
Monica Lewinsky, pelo uso que a direita fez das sacanagens do
Clinton, o último dos sessentistas livres. Eu estava lá e vi como o
Kenneth Starr, procurador da República, usou aquele "boquete" para
eleger o Bush e elevar a direita cristã.
Recentemente, li com espanto que também o fundamentalismo de Osama e
da Al Qaeda tem uma raiz no trauma sexual. E não falo de uma coisa
genérica, sobre a repressão do Islã à mulher, não...
O islamismo e os bombardeios suicidas nasceram concretamente a
partir do trauma real de um indivíduo - um homem chamado Sayyid Qtub.
Isso. Li, no "The Guardian", um artigo genial do Martin Amis,
chamado "The age of horrorism", onde ele conta os detalhes da vida
de um pobre diabo que, pela dor da repressão, se transformou num
filósofo importante para os terroristas, que faz a cabeça até do
Osama.
Pasmem, mas foi na cidadezinha de Greeley, no Colorado, que nasceram
os homens-bomba, o 11 de Setembro e tudo que poderá ainda nos causar
danos terríveis. Foi lá, em Greeley, em 1949 precisamente, que um
medíocre e neurótico egípcio chamado Sayyid Qtub teve uma revelação
divina. Vejam sua história.
Sayyid foi um pobre menino devoto e provinciano, formado numa "madrassa"
egípcia, onde chegou a aprender o Corão de cor, batendo cabeça na
pedra. Era triste e deslocado, feioso, insignificante.
Provavelmente, nunca se sentiu seduzido nem animado a seduzir quando
chegou à adolescência e foi estudar no Cairo, macambúzio, com o
nariz metido nos livros religiosos. No Cairo, como ele mesmo conta
no livro que escreveu ("Milestones", hoje a bíblia dos
fundamentalistas), ele ficou horrorizado com a atitude "desonrosa"
das mulheres da capital e estigmatizou em seus escritos a liberdade
de que gozavam. Era já um modesto escritor do Ministério da Educação
e teve então sua primeira grande decisão política: resolveu manter
sua virgindade para sempre!
Isso, por volta de 48, época que o deprimia pelos vestígios do
protetorado britânico no Egito e pela crescente presença judaica na
Palestina. Virou um ativista anti-Israel e contra a modernização que
Nasser tentava impor ao país. Foi preso com muitos outros e
torturado depois que houve a tentativa de assassinato de Nasser. Seu
martírio começava.
Sayyid resolve então ir para os Estados Unidos, meio fugido,
interessado em consolidar sua visão mística do mundo.
Já no navio que o levou à América, no meio do Atlântico, Sayyid
narra em seu livro que "uma mulher bêbada, seminua, tentou invadir
sua cabine do navio para violentá-lo". Certamente, um delírio de sua
repressão. Sayyid foi parar em Nova York, mas não gostou da cidade,
muito "materialista e depravada". Mudou-se então para Washington,
que era mais séria, centro do ventre da "besta Ocidental".
Em Washington, Sayyid teve um
problema pulmonar e foi hospitalizado. Mas sofreu um novo perigo de
assédio: as enfermeiras. É espantosa a maneira psicótica como ele as
descreve em seu livro: "elas vinham com seus lábios sedentos, com
seus seios fartos, com suas pernas macias, com olhares sedutores e
risos provocantes" tirar sua virgindade dedicada a Alá.
Sayyid conta que "sobreviveu" ao ataque das enfermeiras do diabo e
foi cursar uma universidade em Greeley, no Colorado, onde,
atormentado pela solidão, associou-se a um clube social que era até
organizado por uma igreja. Pela descrição que ele faz do local, dá
para pensar que se trata de uma versão antiga do night-club "Studio
54": "o ar está cheio de luxúria, a pista de dança tomada por
prostitutas, numa ciranda de coxas e quadris, lábios e seios se
encontrando..." E era apenas um clube religioso, com cantos e
danças, talvez evangélico... Foi lá, então, que Sayyid teve sua
"revelação": as norte-americanas eram um sintoma de que a América
queria seduzir e prostituir o Islã e o mundo.
Voltou para o Cairo e ajudou na radicalização da famosa Irmandade
Muçulmana, fundada em 1928, com raízes no "waahabismo", a doutrina
barra-pesada que é a fonte do fundamentalismo islâmico. A Irmandade
Muçulmana, sob a liderança de Sayyid Qtub, reorganizou-se e apoiou
os Oficiais Livres na tomada do poder, no golpe que destituiu a
monarquia corrupta do rei Farouk, em 1952. Sayyid Qtub foi o pai do
islamismo fanático. A base da sua ideologia é que os Estados Unidos
e seus clientes são "jahiliyya" (bárbaros); os EUA são controlados
por judeus; os norte-americanos são infiéis, são animais arrogantes
e não merecem viver; os EUA querem "exterminar" o Islã - e isso se
dará não pela conquista ou anexação, mas pelo mau exemplo da
modernização, pela corrupção dos comportamentos.
Em 1954, Sayyid foi preso novamente e acabou enforcado em 1966, ao
renegar a anistia proposta por Anwar Sadat.
O martírio de Sayyid ficou arraigado na alma islâmica. O seu livro,
escrito na prisão, é conhecido como o "Mein Kampf" do islamismo, um
sistema totalitário e irracional, como o nazismo ou o stalinismo.
A história de Sayyid é patética.
Assim, foi aterrorizante a campanha
contra Clinton por causa da amante Monica. Eu vi. Em 98, os EUA
dedicaram um ano inteiro a Monica Lewinsky. Tudo começou, de um
lado, com um maluco chamado Sayyid Qutb, em Greenley, no Colorado,
em 49; e foi coonestado, legitimado, do outro lado, em 98, por um "blow
job" entre um presidente narcisista e uma histérica estagiária
republicana.
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