Dr. MAURO

   Conversando 
     com Naná

       Conversando
       com Naná

       Mesmo que a
       Dor nos Dobre

       Jamais
       Poderia

       Sova de
       Cansanção

       Não Gaste Mal o
       seu Cobre

       Lagoinha
       de Fora

       O Mito do
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       Um Dia

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       Tempo do Bonde

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       Nº 11.745/02

       O Mestre da
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       Repare, Perceba,
       Descubra

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       São José

       O Horto Florestal
       Definha

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       Jornal

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       Sete

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NOSSAS VISITAS


 

 

               Dr. Mauro Pereira Cândido  

 

Lagoinha de Fora

 

  Lagoinha de Fora
– Arraial que encanta –
Foi a terra de Flora,
Perto de Lagoa Santa...
   
    Mulher que não dava cria
– Ao receber dela garrafada –
Exultava de alegria,
Ao acordar fecundada...
 
  Disse Otávio Montenegro
– Quase em seu alvorecer –
Que a educação da criança, meu nego,
Começa cem anos dela nascer...
   
    Dirceu mesmo não falando
– Conta tudo por sinais –
A madeira trabalhando,
Retratando todos os animais...
 
  Tirar comida do mato
– E a sua especialidade –
Nunca viveu no asfalto,
Bela é a sua realidade...
   
    Belmira era parteira
– Ozório mais que doutor –
Lagoinha de Fora inteira,
Tinha um mágico confessor...
 
  Tudo que herdou Fabinho
– Foi lá naquele terreiro –
O Barrão não ficou sozinho,
Seu samba é o mais brasileiro...
   
    Filho de Elza de Souza
– Tem sua própria verdade –
Sabe bem onde repousa,
Do povo a felicidade...
 
  Em Lagoinha de Fora
– Nasceu meu primo Jacy –
Saudade que em meu peito aflora,
Não vou ficar por aqui...
   
    Maria de Sé Candinha
– Linda de se apaixonar –
Um dia descobriu quintinha,
Que Sebastião de Aliança iria chegar...
 
  Lapueba, anze, anze
– Delegado do lugar –
Nem mesmo sua testa franze,
Para se fazer respeitar...
   
    Era cantador de coco
– Com Alfredo de Vitú –
No desafio mais louco,
Era parceiro de Exu...
 
  Claudionor e Antenor
– Gêmeos cara do demônio –
Tinham o fio condutor,
Dessa história e do meu sonho...
   
    João Peludo chegou cedo
– Quincas da Venda sabia –
Que ele morria de medo,
Das estórias que ouvia...
 
  Tinha Mula-Sem-Cabeça
– Lá em Francisco Pereira –
Não é lenda reconheça,
Minha estória é verdadeira...
   
    Pois, o Henrique de Aninha
– Era mesmo endiabrado –
Pulava de galho em galho,
Na árvore de Manuel de Pintando...
 
  Aquele frondoso Jatobá
– Cobertor dos namorados –
Com idade secular,
Pela história foi tombado...
   
    Madalena certo dia
– Tentava atravessar a ponte –
A criançada sorria,
Da velha naquele instante...
 
  Com toda sabedoria
– Ela disse sem se zangar –
Eu fui o que você é o que sou você será,
Só o tempo lhe dirá...
   
    Montado em cavalo manso
– Ozório rezava baixo –
Doutor Zezé em descanso,
Recolhia a rapa do tacho...
 
  Por debaixo da aroeira
– Quanta coceira, alergia –
O Doutor receitou besteira,
Curador, cal virgem e água fria...
   
    Ti Limpo cantou ao Torquato
– Mil cantigas de folia –
Tereza relembrou-me um falo,
Que a minha mente esquecia...
 
  Casos do Elias Turco
– Rei de cidade vizinha –
Que conversava com Eunuco,
Ouvindo-lhe a voz fininha...
   
    Lembrando Mariana da Costa
– Que era qual Pedro Sem –
Que hoje bate em sua porta,
Que ontem teve, hoje não tem...
 
  Clarinda contou-me a estória
– Que o João de Capitão –
Retinha em suas memórias,
Lidia conhecia-lhe a emoção...
   
    Pois seu tio Zé da Bica
– Tinha herdeiro com talento –
Que a música vivifica,
Solando qualquer instrumento...
 
  Falando de João da Costa
– Qual Nicomedes Moreira –
Doutor Maurício Dias Batista tem resposta,
Que guardará a vida inteira...
   
    Pois um curador de mão cheia
– Não respeita cascavel –
Dimas viu a coisa feia,
Tião quase foi pro céu...
 
  Tio Henrique também benzedor
– Curador de "erisipela" –
Com sua morte o segredo levou,
Tal qual Manoel de Manuela...
   
    Inês Fagundes sabia
– Que fui a Vespaziano –
Com Aviz ter prosa sadia,
Depois de sofrer muitos anos...
 
  Pensando em todas as correntes
– Próprias de quem vive a vida –
Sem perceber as feridas,
Marcam sempre muitas mentes...
   
    Sabendo que Edgar Carioca
– Descobriu na Lagoinha –
A velha casa de Cota,
Igual contou Mariínha...
 
  Que já foi até festeira
– Na festa de Santo Antônio –
Viu subir velha bandeira,
E espantou velho demônio...
   
    Oh Maria de Zamira
– Vejo em Lagoinha de Fora –
Que a saudade não vai embora,
Mas, fica em alça de mira...
 
  Capitão saiu pra roçar
– Pelas bandas do Cafundó –
De fome clamou a gritar,
Comadre Bito! Tem dó...
   
    Eu lhe conto um segredo
– Que Clarinda sabe de cor –
Dê um trem para eu mastigar,
Pois hoje estou com um ovo só...
 
  Foi em Lagoinha de Fora
– Que nasceu Henrique Candido, meu pai –
Aqui a emoção aflora,
Em lágrimas meu peito se esvai...

ACESSO RÁPIDO


 

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