Falcão - Meninos do Tráfico é um
documentário brasileiro produzido pelo rapper MV Bill, pelo
seu empresário Celso Athayde e pelo centro de audiovisual da
Central Única das Favelas que retrata a vida de jovens de favelas
brasileiras que trabalham no tráfico de drogas.
A produção independente se tornou popular principalmente por sua
transmissão no programa semanal da TV Globo Fantástico, um dos mais
famosos no Brasil.
O documentário foi feito entre 1998 e 2006 em que os produtores
visitaram diversas comunidades pobres do Brasil, registrando em 90
horas na maioria do tempo em forma digital, e um pouco em VHS. O
nome do documentário é em razão do termo "falcão" usado nas favelas,
que designa aquele cuja tarefa é vigiar a comunidade e informar
quando a polícia ou algum grupo inimigo se aproxima. Os dois
produtores tiveram que enfrentar o ambiente hostil onde viviam os
jovens. A repercussão do documentário no país foi grande, sendo
largamente comentado e discutido.
Exibições na televisão
A partir do dia 19 de março de 2006, o Fantástico passou a exibir o
documentário em meio à discussões sobre a ocupação do Exército a
morros do Rio de Janeiro, o que Athayde considerou como "oportuno".
A primeira transmissão, um especial de 58 minutos, correspondeu à
metade do programa descontando-se os comerciais. Foi exibido em três
blocos, sendo interrompidos apenas por intervalos. Desde 1973, o
Fantástico nunca havia dedicado tanto tempo de sua programação a uma
produção independente.
Em 23 de março de 2006, o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da
Silva foi presenteado por MV Bill com o DVD e o livro sobre o tema
no Palácio do Planalto. Lá, o rapper aproveitou para falar sobre os
problemas sociais como a má distribuição de renda. A realidade dos
jovens também foi exposta no dia 25 de março de 2006, na TV Câmara
às 22h e na segunda-feira de 27 de março na Globo News, reprisando a
primeira exibição transmitida pelo Fantástico.
Frases
Porque eu vivo perto dessa
realidade e eu sempre vi esse problema analisado por antropólogos,
sociólogos, especialistas em segurança, que não vivem essa
realidade. A idéia é permitir que o país faça uma reflexão sob um
novo ponto de vista, que é a visão dos jovens sempre considerados os
grandes culpados.
A gente vai abordar a vida daquele que nunca deixou de sonhar. Que
acabou vivo, justamente por estar preso.
Levei porrada. Mas nem denunciei porque estava no lugar errado e com
as pessoas que eles consideravam erradas.
— MV Bill
O Falcão não é um caso de polícia, não é uma denúncia, não é uma
lamentação. Falcão é sobretudo uma chance que o Brasil vai ter para
refletir sobre uma questão do ponto de vista de quem é o culpado e a
vítima. Falcão é uma convocação para que a ordem das coisas seja
definitivamente mudada.