O TEMPO - PARTE I |
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Deus é Pai:
vai dar Obama na Cabeça
Publicado em: 04/11/2008
Só um antimilagre pode impedir sua vitória hoje
Hoje é a hora H. Hoje é dia de rock. Hoje o pau vai comer na casa de
Noca. Não tem mais lero-lero nem lesco-lesco. O mundo vai mudar. É o
segundo acontecimento real desde o 11 de Setembro. Obama ou McCain?
Quem dá mais? A inteligência que resiste à estupidez ou aqueles 59
milhões de idiotas que elegeram o Bush na fraude do século, na
Flórida. Será que vão repetir a fraude? Estranha herança da
democracia fundada - furos propositais no sistema eleitoral, zebras
programadas. Será que ganha o racismo oculto, recôndito, a KKK na
alma de "wasps"?
Se McCain ganhar , o mundo vai piorar.
Mas, sem medo de errar, aposto no Obama. Obama é um político jovem
que respeita a razão, o progresso, a ciência e a cultura.
McCain não é nada. Nem é lobista de grandes corporações, se bem que
amado por elas, nem é empregado do petróleo como Bush. McCain é um
fenômeno "paparazzi": a celebridade em busca de si mesmo. McCain
luta por sua vaidade de velho que não quer brochar e morrer.
Ah, sim... ele era bonito e heróico quando jovem. Um Gregory Peck em
aviões de combate, comendo as mulheres. Agora, quer coroar seu
narcisismo como um presidente machinho, com aquela senhora loura,
infeliz e plastificada atrás dele. Só isso. Seu orgulho é ter sido
prisioneiro na guerra do Vietnã e, segundo afirma, torturado pelos
comunistas. Só não diz que era ele que estava massacrando,
bombardeando os miseráveis vietcongues que lutavam na lama.
Ele era o criminoso abatido - não a vítima. McCain luta por sua
fama. Como está velho, caído, finge uma desenvoltura de cowboy
ligeiro que não cola e, como teve câncer que pode voltar, pode
acabar nos legando aquele pitbull de batom, a perua careta e
despreparada Sarah Palin, que seria a "boceta de Pandora" final para
o mundo, a mulher de onde sairiam todos os males.
McCain é prosa e Obama é poesia. Bush foi o macaco na loja de louças
do Ocidente. McCain finge ser uma evolução da espécie dos símios,
mas é macaco também. E não me venham os fascistinhas chamá-lo de
"sensato conservador"...
Obama é o novo. Obama é o negro sem rancor, o negro pós-moderno, que
passou por Malcolm X, pelo Luther King e que atingiu uma espécie de
síntese de virtudes políticas que almejamos: tolerância, a ecologia,
a inteligência contra a mentira, é antiguerra, pela superação do
bi-partidarismo numa busca de "entente cordiale", contra os
"lobbies", contra a tirania do petróleo, contra o efeito estufa. E
não me venham os fascistinhas chamá-lo de "esquerdinha sem
programa"...
Obama parece pairar "acima" da política, com um "honesto"
messianismo, pois seu programa é quase abstrato. E não faz mal,
pois, como dizia Valery, "Que seria de nós sem o socorro das coisas
que não existem?" Ele dá aos brancos que o apóiam a oportunidade de
se absolverem por séculos de discriminação racial. Ele é sexy, um
JFK negro, ele é a retomada do presidente que transa, sua mulher tem
corpaço, bumbum. Ele diz: "Eu não falo o que vocês querem ouvir; eu
falo o que vocês precisam saber!" Doce mentira: ele fala o que todos
querem ouvir sim - a magia da mudança, a esperança não se sabe bem
de quê, alguma coisa pela qual valha a pena viver. Obama é uma
utopia crível, num tempo de tanto horror.
Obama é um trocadilho com Osama. Assim como Osama mudou a América
pelo mal, Obama quer mudar para o bem.
McCain representa a pior face da América: o mundo psíquico dos
republicanos. Já morei no interior da Flórida, nos "gloriosos" anos
do racismo, e sei do que falo. O imbecil republicano é diferente dos
nossos cretinos fundamentais. Lá, eles têm certezas absolutas; aqui,
nossos idiotas se escondem pelos cantos, babando de humilhação. O
republicano típico acha que sabe tudo. São filhos de um deus duro e
implacável. As caras, as fuças típicas dos republicanos parecem
dizer: "Não tenho dúvidas, não quero ouvir, já sei tudo, Deus me
disse...!!"
Se Obama ganhar, teremos a felicidade de não ver mais as famílias
gordinhas dos boçais da direita, os psicopatas sorridentes de
dogmas, seus hambúrgueres malditos, seus churrascos nos jardins e
nas cadeiras elétricas, não veremos mais os meninos mortos voltando
do Iraque como sanduíches embrulhados para a viagem, a crueldade em
nome da bondade, a fé contra a razão, a santidade da burrice, tudo
sob um inferno de cânticos evangélicos e música "country".
McCain é Nashville; Obama é jazz.
Os eleitores de McCain são paranóicos e precisam de inimigos para
viver. Valorizam o martírio, como os boçais radicais do Islã. Em
geral, dividem-se em reprimidos sexuais ou sadomasoquistas. Eles
odeiam a diferença: os negros, os estranhos, os livres.
É patético ver McCain fingindo de republicano light, de democrata
sem ginga. Quando ele declarou "Eu não sou o Bush!", mentiu. Ele é o
Bush sim; eles são produzidos em serie no útero puritano da América,
forjados na velha religião do século XVII, falando nas "forças do
mal", que são eles mesmos, sem espelho.
McCain fala do horror das torturas que teve no Vietnã, mas esquece
de dizer que ele não era a vítima; ele era o assassino que
bombardeava os vietnamitas pobres na lama.
O legado de Bush é nossa miséria. O Iraque destruído, milhares de
homens-bomba disputando a honra de nos matar, o Irã nas mãos de um "chavez"
islâmico, o Paquistão povoado por milhões de fundamentalistas com
bomba atômica, embalando o Bin Laden, o desalento da arte, da
cultura e do pensamento filosófico, o déficit público da maior nação
e, agora, a maravilhosa depressão que assola o mundo, criada pelos
vorazes rapazes dos derivativos de Wall Street.
Mas, na qualidade de profetinha autoproclamado, em verdade vos digo:
"Chegou a hora deste homem bronzeado mostrar seu valor.
Deus é pai. Obama vai ganhar!"
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