NOSSAS VISITAS |
|
|
|
Zezé di Camargo & Luciano
Biografia
Contar tão somente que esses meninos, de
origem tão humilde, alcançaram fama e prestígio além das fronteiras
nacionais é reduzir a trajetória de Zezé Di Camargo e Luciano
a uma mera síndrome de Cinderela.
A bem dizer, não é de um salto que se faz
uma história de Pirenópolis a Tóquio, onde a dupla arrebatou multidões,
em 2004 e 2005. Feito o primeiro milhão de cópias vendidas, veio mais
outro e mais outro e mais outro, somando hoje a marca de 24 milhões para
19 álbuns (sendo 15 de carreira, dois em espanhol e um álbum duplo ao
vivo), em 16 anos.
E, se é para citar estatísticas, convenhamos, não há por que economizar.
Zezé e Luciano ostentam na estante dois Grammys latinos, um como Melhor
Álbum de Música Sertaneja (2004) e outro na categoria de Melhor Álbum de
Música Romântica (2005). Ainda em 2004 levaram prêmio como Melhor Dupla
da ABL (sim, a Academia Brasileira de Letras!). Também se orgulham pela
conquista de dois troféus na categoria de Melhor Dupla de Canção
Popular, do Prêmio Tim de Música (2206 e 2007). E, longe de parecer
demagogia, Zezé não se cansa de exaltar que “o maior prêmio não são os
troféus acumulados, e sim o carinho e a retribuição do público”.
Não lhe faltam motivos para tanto. Em pesquisa encomendada pelo
Instituto da Cidadania e pela Fundação Perseu Abramo em 2004 para traçar
o perfil da juventude brasileira, Zezé e Luciano foram apontados como os
“artistas preferidos” dos entrevistados entre 15 e 24 anos. Não deixa de
ser curioso pensar que, àquela altura, com 13 anos de carreira, toda uma
geração cresceu ao som de É o Amor. Esse reflexo indica que além de
manter um grande público desde o início de carreira, a dupla vem
seduzindo novos fãs a cada ano. Soma-se a esses fatos, o resultado de
pesquisa realizada, em julho de 2007, pelo conceituado instituto Data
Folha, indicando Zezé Di Camargo e Luciano como os artistas mais
populares e mais escutados do Brasil.
Se pudesse ser traduzida em números, a história de Zezé Di Camargo e
Luciano seria contada da seguinte forma:
Até
2004, com esses 13 anos mencionados na pesquisa, 20 milhões de cópias,
saldo acumulado até então, significavam aproximadamente 3 (três) CDs
vendidos por minuto, ou seja, 176 cds/hora e 4.215 cds/dia.
Não se incluem aí projetos especiais para empresas e vendas relativas a
participações em CDs como trilha sonora de novela, CDs do projeto Amigos
e outras participações.
A
dupla também figura como um dos três únicos artistas brasileiros a
superar a marca de 100 mil DVD'S vendidos para cada um dos títulos
lançados _ e foram apenas dois.
Nos palcos, isso se traduz em 120 shows por ano e 30 mil pessoas, em
média, por apresentação. É platéia que não acaba mais.
A saga
dos “2 Filhos de Francisco”
Camargo e Camarguinho: foi assim que começou
Fã de Tonico e Tinoco, seu Francisco, um lavrador de Pirenópolis,
cidadezinha do interior de Goiás, acalentava um sonho: ter dois filhos
homens que pudessem formar uma dupla sertaneja. Quando nasceu Mirosmar
José, o primogênito da família Camargo, cobrou da mulher, dona Helena:
“Agora precisamos da segunda voz.." Um ano depois nascia Emival, o
parceiro que faltava.
Sim, você já viu esse filme em algum lugar, mas falemos desse assunto
mais adiante.
Quando Zezé, o filho mais velho, completou três anos, ganhou do pai uma
gaitinha. Mais tarde, com o dinheiro que vinha da lavoura, seu Francisco
comprou uma sanfona e um cavaquinho para os filhos, que àquela altura já
formavam a dupla Camargo e Camarguinho. "Como eles tinham vergonha, eu
dava dinheiro escondido para os outros pagarem os dois depois que
cantassem. Era para incentivar", relembra seu Francisco. A dupla-mirim
se apresentava em circos e rodoviárias.
Em 74, a família foi para Goiânia, abrigando-se num barraco de dois
cômodos. A dupla Camargo e Camarguinho, que tocava canções de Tonico e
Tinoco e de outras duplas da época, vez ou outra ganhava a estrada para
se apresentar no interior do país. E foi numa dessas viagens, na volta
de Imperatriz, no Maranhão, que um acidente de carro tirou a vida de
Emival, com 11 anos.
"Éramos os irmãos mais ligados. Fiquei traumatizado por um ano", revela
Zezé. Aos 13 anos trabalhava como office-boy. Aos 15, recuperado da
fatalidade, já era o Zé Neto do trio Os Caçulas do Brasil, com quem
chegou a gravar um disco. Em 79 formou parceria com um amigo de Goiânia,
remanescente do trio. A carreira da dupla Zazá e Zezé, que teve boa
expressão em Goiás e no Mato Grosso, deu origem a três LPs. Mas não
vingou porque Zazá tinha planos regionais. Zezé queria ganhar o país.
Em 1987, Zezé partiu para São Paulo, em busca de carreira solo. Gravou
dois discos pelo selo Três M, já extinto (hoje esses trabalhos pertencem
à Continental). Por essa época, algumas de suas composições já eram
sucesso nas vozes de duplas consagradas, como Chitãozinho e Xororó.
"Apresentei ‘Solidão’ ao Leonardo,
mas achava que ela deveria ser gravada pelo Amado Batista. Mas o Léo
gostava muito da canção. Fez um playback sem me avisar. Só contou quando
já tinha decidido gravá-la", lembra Zezé. A música acabou estourando nas
vozes de Leandro e Leonardo.
Luciano
entra em cena
Apesar das composições bem-sucedidas, o filho mais velho de seu
Francisco queria mesmo era emplacar como cantor. Welson David, irmão 10
anos mais novo, imaginava que Zezé estivesse fazendo sucesso em São
Paulo. "Vi você no programa do Bolinha", ligava, orgulhoso. Luciano nem
desconfiava que quem segurava as pontas - e as contas - na casa de Zezé
era, muitas vezes, Zilú, sua mulher.
Welson trabalhava como office-boy em Goiânia, mas já começava a soltar a
voz. "Ele cantava no clube da Caixego (Caixa Econômica de Goiás, onde
era funcionário), recorda-se dona Helena. No Natal de 1989, o mano mais
velho foi visitar a família em Goiânia. Welson aproveitou para mostrar o
que havia aprendido. "Vi que ele tinha tino para a coisa", lembra Zezé.
"Comentei com a Zilú e ela deu a maior força, afinal era meu irmão,
novinho, boa pinta e sem vícios." Zezé precisava mesmo encontrar um
parceiro. Ele estudava propostas de algumas gravadoras, que só fechariam
contrato se o cantor formasse novamente uma dupla.
E assim foi feito. Ensaia daqui, ensaia de lá, Zezé posou de maestro até
ganhar o timbre certo de sua outra metade. Na hora de escolher o nome da
dupla, a questão era: o que combinaria melhor com Zezé Di Camargo. "Que
tal Lucian?", arriscou Zezé. "Por que não Luciano?", sugeriu Welson.
Fechado. E assinaram contrato com a gravadora Copacabana.
Com o repertório definido e faltando um dia para a dupla entrar em
estúdio, Zezé teve um estalo e compôs, de supetão, "É o Amor". Insistiu
com os executivos da gravadora e conseguiu incluir a faixa no LP. Antes
mesmo de o disco sair, foi o próprio Zezé Di Camargo quem deixou uma
fita com "É o Amor" na rádio Terra de Goiânia. Seu Francisco, sempre
incentivador, comprava 500 fichas telefônicas por semana e as espalhava
pela vizinhança. Pedia que ligassem para a rádio e solicitassem a música
que seus meninos haviam acabado de gravar. Funcionou: em 15 dias "É o
Amor" era a mais pedida da cidade.
A
conquista do Brasil
Foi em 19 abril de 1991 que Zezé Di Camargo e Luciano lançaram seu
primeiro disco. Em dois meses "É o Amor" alçava seus intérpretes ao
primeiro lugar no hit parade. Em seis meses o CD de estréia dos cantores
ganhava disco de platina duplo por 750 mil cópias. Em pouco mais de um
ano atingia a casa de 1 milhão de cópias.
Veio o segundo disco e 1,3 milhão em vendas;
o
terceiro, e mais 1,52 milhão;
o
quarto somou 1,6 milhão;
o
quinto, 1,7 milhão;
o
sexto rendeu 1,8 milhão;
o
sétimo, 1,85 milhão e
o
oitavo chegou a 1,9 milhão.
Mal acostumados, no melhor sentido,
os dois nunca mais abandonaram a casa do milhão. No dia 19 de abril de
2000, saiu o 1º CD ao vivo, duplo, com os grandes sucessos da carreira:
1,7 milhão de cópias vendidas. Isso sem falar nos álbuns em língua
castelhana, lançados em 94 e 2002. Os artistas também apresentam dois
DVDs de carreira, que estão na lista dos mais vendidos do Brasil.
Do
palco para a telona
Parecia óbvio que a vida de Zezé Di Camargo e Luciano rendesse um filme.
Enredo para tanto a vida real já havia traçado. O acaso se encarregou de
dar a esse script o melhor destino possível. Ao ler numa entrevista que
só faltava um filme na vida da dupla, Taís, fã incondicional, propôs ao
pai Wilson Cabral que encampasse a idéia. Diretor da Columbia Home
Vídeo, Cabral procurou a gravadora Sony Music.
A Sony então levou o projeto à dupla
e Luciano sugeriu o renomado time da Conspiração para produzir o longa.
Disposto a fazer seu primeiro longa-metragem, Breno Silveira abraçou a
causa.
“2 Filhos de Francisco”
fez cair o queixo de muitos críticos e, em especial, da patrulha que
sempre tratou o gênero sertanejo e romântico com desdém. E mesmo Zezé Di
Camargo e Luciano, embora habituados aos milhões, espantaram-se com os
5,6 milhões de espectadores que fizeram do título o filme brasileiro
mais visto nos cinemas em 2005. Bateu blockbusters como “Harry Potter e
o Cálice de Fogo”, “Os Incríveis”, “Madagascar”, “Batman Begins” e “Star
Wars – Episódio 3”.
Soma-se a esse mérito a indicação para
representar o Brasil como pré-candidato ao Oscar na categoria de ‘Melhor
Filme Estrangeiro’. Não foi escalado para
o time dos cinco finalistas escolhidos pela Academia, em compensação
entrou para o Guiness World Records
como o filme que conseguiu reunir em uma única sessão o maior número de
espectadores ao ar livre. A exibição aconteceu na véspera do aniversário
da cidade de São Paulão, dia 24 de janeiro de 2006. O recorde foi batido
na Estação da Luz, no centro da capital paulista. “ Já é um sonho ver a
nossa história retratada no cinema, quanto mais quebrar o recorde
mundial de maior exibição pública de um filme.
Sou extremamente grato a Deus por nos ter
abençoado, ao nosso pai, responsável por aquele ‘empurrãozinho’, e aos
nossos fãs. Afinal, não há show nem música sem platéia", declarou então
Zezé Di Camargo.
Com uma platéia de cerca de 18 mil pessoas, segundo a Polícia Militar
(ou de 20 mil pessoas, segundo os organizadores), a exibição ocorreu em
cinco telões montados na centenária estação de trens, antes do show da
dupla em homenagem aos 452 anos de São Paulo. O recorde anterior
registrado pelo Guinness aconteceu em 1998, quando 10 mil pessoas se
reuniram no Battersea Park, em Londres, para assistir ao filme "Quinto
Elemento”.
Em dezembro de 2005, com o lançamento do DVD de “2 Filhos de
Francisco”, mais um recorde atingido: 600
mil cópias vendidas. Estatísticas à parte, a dupla é mais do que líder
no mercado fonográfico e se consagrou por crítica e público_ no
território cinematográfico.
Diz-se que na vida é preciso plantar uma árvore, ter um filho e escrever
um livro. Bem, eles têm canções, filme, mais de um filho e de uma árvore
plantada. E, em março deste ano, com gosto de cenas dos próximos
capítulos, a trajetória dos dois. Não de novo. Não sob o mesmo olhar do
pai Francisco, mas com o foco sempre alerta de dona Helena. Se vale como
prenúncio da diferença entre os modos de pai e mãe traduzirem suas
crias, convém citar o roteiro de “2 Filhos de Francisco”:
“Eu não entendo de sonho, Francisco. Foi acordada que eu criei essas
crianças”, falava a mãe em cena.
E assim, nas livrarias de todo o Brasil, está “Simplesmente
Helena”, para contar em palavras o que os
números traduzem como sucesso desses meninos de Goiás.
Texto de
Arleyde Caldi
|
NOSSA VITRINE |
|
|
|