Luís Carlos Prestes (Porto Alegre, 3 de janeiro de 1898 — Rio
de Janeiro, 7 de março de 1990) foi um militar e político comunista
brasileiro. Foi secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro e
companheiro de Olga Benário, morta na Alemanha, na câmara de
gás, pelos nazistas.
Foi eleito um dos 100 maiores
brasileiros de todos os tempos, por concurso realizado pelo SBT e
pela BBC em 2012.
Formação e início de carreira
Filho de Antonio Pereira
Prestes e Leocádia Pereira Prestes, formou-se no
secundário no Colégio Militar e em Engenharia Militar pela
Escola Militar do Realengo no Rio de Janeiro, em 1919, atual
Academia Militar das Agulhas Negras. Foi engenheiro ferroviário
na Companhia Ferroviária de Deodoro, como tenente, até ser
transferido para o Rio Grande do Sul.
O início do movimento
rebelde
Preocupado em garantir uma boa
alimentação para a tropa, contratou um padeiro e um cozinheiro,
também organizou as atividades e o tempo dos seus subordinados de
maneira que todos pudessem estudar (em três meses, não havia
analfabetos na companhia), receber educação física e
instrução militar, além de trabalharem na construção da linha férrea
que ligaria Santo Ângelo a Giruá. 5 Em outubro de 1924, já capitão,
Luís Carlos Prestes liderou um grupo de rebeldes na região
missioneira Rio Grande do Sul, saiu de Santo Ângelo, e se dirigiu
para São Luís Gonzaga onde permaneceu por dois meses aguardando
munições do Paraná, que não vieram. Aos poucos foi formando o seu
grupo de comandados que vieram de várias partes da região. Rompendo
o famoso "Anel de ferro" propagado pelos governistas, rumou
com sua recém-formada coluna para o norte até Foz do Iguaçu. Na
região sudoeste do estado do Paraná, o grupo se encontrou e
juntou-se aos paulistas, formando o contingente rebelde chamado de
Coluna Miguel Costa-Prestes, com 1.500 homens, que
percorreu por dois anos e cinco meses 25.000 km. Em toda esta
volta, as baixas foram em torno de 750 homens devido à cólera, à
impossibilidade de prosseguir por causa do cansaço e dos poucos
cavalos que tinham, e ainda poucos homens que morreram em combate.
Os estudos na Bolívia e na União Soviética
Prestes, apelidado de "Cavaleiro da Esperança", passa a
estudar marxismo na Bolívia, para onde havia se transferido no final
de 1928, quando a maioria da Coluna Miguel Costa-Preste havia se
exilado. Lá travava contato com os comunistas argentinos Rodolfo
Ghioldi e Abraham Guralski, este último dirigente da
Internacional Comunista (IC).
Em 1930 retorna clandestinamente a Porto Alegre onde chega a
ter dois encontros com Getúlio Vargas. Convidado a comandar
militarmente a Revolução de 30, recusa-se a apoiar ao movimento,
colocando-se contra a aliança entre os tenentistas e as oligarquias
dissidentes.
Em 1931, muda-se para a União Soviética a convite do país.
Lá, trabalhou como engenheiro e dedicou-se a estudos
marxistas-leninistas. Por pressão do Partido Comunista da União
Soviética, foi aceito como filiado pelo PCB, em agosto de 1934.
Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional
Comunista, voltou como clandestino ao Brasil em dezembro de 1934,
acompanhado pela alemã Olga Benário, também membro da IC. Seu
objetivo era liderar uma revolução armada no Brasil, decidido em
Moscou.
O comando da ANL e a
deportação de Olga
No Brasil, Prestes encontra o
recém constituído movimento Aliança Nacional Libertadora (ANL),
de cunho antifascista e anti-imperialista, que congregava tenentes,
socialistas e comunistas descontentes com o Governo Vargas.
Mesmo clandestino, o Cavaleiro da Esperança é calorosamente aclamado
presidente de honra da ANL em sua sessão inaugural no Rio de
Janeiro.
Prestes procura então aliar o enorme crescimento da ANL,
com a retomada de antigos contatos no meio militar para criar as
bases que julgava capazes de deflagrar a tomada do poder no Brasil.
Em julho de 1935 divulga um manifesto exigindo "todo o poder"
à ANL e a derrubada do Governo Vargas.
Vargas aproveita a oportunidade e declara a ANL ilegal,
o que não impede Prestes de continuar a organizar o que
acabou por ficar conhecido como a Intentona Comunista.
Em novembro eclode a insurreição nas guarnições do exército de
Natal, Recife e Rio de Janeiro (então Distrito Federal), mas é
debelada por Vargas, que desencadeia um violento processo
de repressão e prisões.
Na época, Moscou criara em Montevidéu, Uruguai,
o Secretariado Latino Americano que operava clandestinamente
e queria aproximar as organizações comunistas da América Latina de
Moscou. Olga e Prestes eram apoiados financeira e
logisticamente através desta organização. Após o fracasso da
Intentona Comunista e a descoberta destas operações, o Uruguai
rompeu relações com a União Soviética, no final de 1935.
Em março de 1936, Prestes é preso, perde a patente de capitão
e inicia uma pena de prisão que durará nove anos. Sua
companheira Olga Benário, grávida, é deportada e assassinada
na câmara de gás no campo de concentração nazista Ravensbrück.
A criança, Anita Leocádia Prestes, nasceu em uma prisão na
Alemanha, mas foi resgatada pela mãe de Prestes, após intensa
campanha internacional.
O fim do Estado Novo,
anistia, e a volta à clandestinidade
Com o fim do Estado Novo, Prestes foi anistiado,
elegendo-se Senador. Foi Senador de 1946 a 1948.
Assumiu a secretaria geral do PCB. O registro do partido foi
cassado, e novamente Prestes foi perseguido e voltou à
clandestinidade.
Na Assembléia Constituinte de 1946, Prestes liderava a
bancada comunista de 14 deputados composta por, entre outros,
Jorge Amado, eleito pelos paulistas, Carlos Marighella,
pelos baianos, João Amazonas, o mais votado do país, escolha
de 18.379 eleitores do Rio, e o sindicalista Claudino
Silva, único constituinte negro, também eleito pelo Rio.
Durante a Constituinte, Prestes fechou questão, a favor da
emenda nº 3.165, de autoria do deputado carioca Miguel Couto Filho,
tal emenda dizia: "É proibida a entrada no país de imigrantes
japoneses de qualquer idade e de qualquer procedência".
Em 1950, conheceu sua segunda companheira, a pernambucana Maria,
que passa a se chamar Maria Prestes. Maria era mãe de dois
meninos, Pedro e Paulo. Da união com Prestes nasceram outros sete
filhos: João, Rosa, Ermelinda, Luís Carlos, Zoia, Mariana e Yuri.
Prestes e Maria viveram juntos por 40 anos, até a
morte de Prestes.
Em 1958, Prestes teve sua prisão decretada, porém foi
revogada por mandado judicial.
Ditadura militar
Após o Golpe Militar de 1964, com o AI-1, Prestes
teve seus direitos de cidadão novamente revogados por dez anos.
Foi perseguido pelo Governo, mas conseguiu fugir. Ao revistar sua
casa, a polícia encontrou uma série de cadernetas que deram base a
inquéritos e processos, como o que condenou Giocondo Dias.
Exilou-se na União Soviética no final dos anos 1960,
regressando ao Brasil devido à Anistia de 1979.
Os últimos anos
Nos anos 80 Prestes foi insistentemente assediado por grupos e
personalidades de esquerda para que liderasse um novo partido
revolucionário. Mas, na sua posição, esse partido surgiria das lutas
do povo, dos quadros que daí se forjariam. Neste período apoiou as
candidaturas de Leonel Brizola a Governador do Rio de
Janeiro e em 1989 à Presidência da República. Embora o
PDT o tivesse considerado simbolicamente 'presidente de honra'
do partido, Prestes nunca foi filiado ao PDT e
defendia a necessidade de se criar as condições para a construção de
um partido comunista efetivamente revolucionário.
Em 7 de março de 1990, Luís Carlos Prestes morreu no Rio de Janeiro.
Seu enterro foi acompanhado por uma expressiva multidão.